sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

"Best & Worst of 2016" (e um ano em revista)

 Em memória do monumental choupo negro da Av. Fontes Pereira de Mello abatido


Elegemos o “best & worst of 2016” e passamos o ano em revista.

O melhor:

1) A preservação de 28 árvores em Entrecampos após mobilização de munícipes, nomeadamente os “Irredutíveis do Campo Grande” (CML, na pessoa do Vereador Manuel Salgado)

2) A preservação de 8 tílias e 1 olaia nas Escadinhas de Manchester após mobilização dos moradores do Bairro de Inglaterra (JF Arroios, na pessoa da sua Presidente Margarida Martins)

3)  A preservação de 1 nogueira adulta no logradouro da Rua Afonso Lopes Vieira após mobilização de uma moradora cujo avô havia plantado a referida árvore (CML)

O pior:

1) Morte de mais de 1300 árvores jovens recém plantadas por toda a cidade pela CML e que pereceram de sede seja porque foram plantadas fora de época seja porque não houve a mais básica das manutenções, a rega. Em zonas como a do Alto da Ajuda e Chelas há fileiras de árvores secas, umas atrás das outras, um cenário dantesco (CML e JFs).

2) Abate ilegal de 5 choupos negros monumentais na calada da noite na Av. Fontes Pereira de Mello, no âmbito das obras do Eixo Central, apesar da mobilização dos munícipes e o pedido para a sua salvaguarda. Isto é tanto mais grave quanto nos documentos das apresentações públicas do projecto aos munícipes os referidos choupos aparecem representados  (CML).

3) Abate de 180 azinheiras no Parque das Nações devido, segundo o Laboratório de Patologia Vegetal, às “podas inadequadas” a que foram sujeitas ao longo do tempo e “a ventos com salinidade, solo compactado, etc., pelo que têm vegetado claramente em condições de stresse" (CML, JF Parque das Nações e Sociedade Parque Expo).

4) O bloqueio da AML ao Regulamento Municipal do Arvoredo.

 O ano em revista rápida:

Janeiro
- Podas drásticas em diversas árvores de alinhamento na Alta de Lisboa (JF Sta. Clara)
- Abate de mais uma dezena de freixos na Av. Paris (JF Areeiro) 

Maio
- Abate de 3 tílias monumentais no Jardim das Amoreiras (JF Sto António)

Junho
- Abate de 5 choupos negros na Av. Fontes Pereira de Mello (CML)
- Abate de 1 ligustrum e de 1 romãzeira no Lg. Rodrigues de Freiras (JF S. Vicente)

Julho
- Abate de 2 tipuanas no Saldanha (CML)

Setembro
- Abate de árvores na Quinta das Camareiras, em Carnide 
- Abate de 15 choupos junto à Estação Fluvial de Belém (JF Belém)
- Abate de todos os choupos brancos do Jardim Augusto Gil, na Graça (CML)

Outubro
- Arboricídio junto à JF Campolide, nomeadamente de duas grevileas de grande porte que constavam do projecto e foram danificadas pelas obras e por isso abatidas (JF Campolide e CML)
- Poda drástica da bela-sombra do Largo do Limoeiro, Árvore de Interesse Público  (JF Sta. Maria Maior)

Novembro
- Abate de 1 pinheiro-manso no Parque Eduardo VII para construir uma escadaria (CML)
- Abate de 4 lodãos-bastardos na Feira da Ladra (JF S. Vicente)
- Abate de 4 lodãos-bastardos na Rua do Embaixador e na Pç. Afonso de Albuquerque (CML/SRU/JF Belém)

Dezembro
- Poda/rolagem drástica de 30 plátanos no Instituto Nacional de Estatística (INE)
- Abate de 18 árvores de médio e grande porte no Jardim do Campo Grande Sul (CML)
- Escavações e obras ilegais junto à monumental tipuana da Pç. João Bosco aos Prazeres, Árvore de Interesse Público (JF Estrela)
- Podas desastrosas em alguns zambujeiros/oliveiras em Sto. Estevão e no Lg. Rosa (JF Sta. Maria Maior)
- Abate de um grande número de choupos em Linda-a-Velha, Santo Amaro de Oeiras e Algés baseadas em argumentário inaceitável por parte da CM Oeiras (CM Oeiras)
- Abate de inúmeras árvores e arbustos no âmbito das requalificações a ocorrer na Av. EUA (JF Alvalade)
- Abate de 180 azinheiras no Parque das Nações devido à incúria a que relatório do LPVVA faz referência: "as árvores sofreram em anos anteriores podas inadequadas. Para além disso, estão sujeitas a ventos com salinidade, solo compactado, etc., pelo que têm vegetado claramente em condições de stresse." (CML)  

 Em resumo:
Árvores saudáveis abatidas, podas mal-feitas, drásticas e fora de época que comprometem a estrutura das árvores, abates sem aviso prévio e/ou relatórios fitossanitários, árvores recém-plantadas e meses depois já secas, emparedamento de árvores em contexto de obras, destruição de raízes de árvores em contexto de obras comprometendo a sua estrutura, caldeiras vazias, cepos que se eternizam meses e mesmo anos, objectificação das árvores ao não contemplá-las no design dos novos projectos (nomeadamente no âmbito de Uma Praça em Cada Bairro), jardins em mau-estudo e/ou sem manutenção.

No entanto, algumas vitórias foram conseguidas graças à mobilização dos munícipes e da Plataforma:

- Preservação de 28 árvores de médio e grande porte em Entrecampos  (CML)
- Preservação de 8 Tílias nas Escadinhas de Manchester (JF Arroios)
- Preservação de 1 nogueira no logradouro da Rua Afonso Lopes Vieira (JF Areiro)
- Embargo das obras junto à tipuana monumental dos Prazeres, classificada como Árvore de Interesse Público (JF Estrela)
- Possível preservação de 1 olaia junto ao Mosteiro de S. Vicente (JF S. Vicente)

 Acções levadas a cabo pela Plataforma em 2016:

- Seminário “As Árvores de Lisboa: Realidade, Mitos e Políticas”, no Cinema S. Jorge (Maio)
- Visita guiada ao Pq. Eduardo VII, Av. da Liberdade e Pç. da Alegria (Maio)
- Visita guiada ao Jardim do Campo Santana e ao Jardim do Torel (Dezembro)
- Abaixo assinado no sentido de a CML proteger o Jardim de Santos
- Várias reuniões com representantes das JFs
- Várias participações na Assembleia Municipal de Lisboa e nas reuniões públicas da CML
- Abaixo assinado em curso para que a Avenida da Liberdade volte a ser "espaço estruturante" e ser reintegrada no Corredor Verde
- Denúncias, pedidos de informação e de esclarecimentos vários junto da CML e JFs

 Situações muitos preocupantes e a monitorizar em 2017:

- O abate de 12 pinheiros mansos para a construção de um Burger King junto ao Estado Universitário, com a autorização do reitor da Universidade de Lisboa e a complacência da CML.

- O estado lastimável da Avenida da Liberdade: árvores mortas, palmeiras em risco de desaparecerem, caldeiras sem árvores, etc.. A Avenida da Liberdade tem de voltar a ser “espaço estruturante” e a ser reintegrada no Corredor Verde de Monsanto.

- A demora na entrada em vigor do Regulamento Municipal do Arvoredo, bloqueado que está na AML há mais de um ano pelos 24 presidentes de Junta

A Plataforma em Defesa das Árvores faz votos que, em 2017, autoridades e cidadãos se consciencializem sobre o valor intrínseco das árvores para a qualidade de vida nas cidades. Porque defender árvores, é defender pessoas!


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