sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

"Conflito entre copas de árvores"





Exma. Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa
Arq. Helena Roseta

Vimos alertar V.Exa. para um procedimento, sem precedentes, levado a cabo pela Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica, que nos parece ser totalmente inadequado à cidade de Lisboa e à sua actual política de incremento dos espaços 
​arborizados​
.  Trata-se de uma autorização,​ ​elaborada pela própria junta com base em critérios​ ​que carecem de fundamento, para abater uma árvore saudável num espaço ajardinado da freguesia
​ 
(enviada em anexo)​
.  

A inexistência de um Regulamento Municipal do Arvoredo em Lisboa e o vazio​ que tal origina não deve servir de desculpa para este tipo de procedimentos, mais ou menos pontuais, aos quais a Assembleia Municipal deve estar atenta e​ a todo custo​ evitar. ​Pedimos pois a atenção​ de V. Exa.​ para este caso. A autorização ​de abate, sendo este necessário, deverá se​ ​ fundamentada​ em critérios válidos​ e emitida​​ por autoridade competente​ para o fazer​, ​ e não​​ pela junta de Freguesia.

Na expectativa de que seja encontrada a melhor solução para este problema e desde já grata pela atenção,
Melhores cumprimentos

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Do contra-senso: abaterem-se árvores para criar jardins

Em Belém, junto à Central Tejo,  abateram-se um sem número de palmeiras e árvores sem aviso prévio à população e sem relatórios fitossanitários. 
A obra é da responsabilidade da Fundação EDP, mas tratando-se de espaço público não deixa por isso de ter que seguir os procedimentos legais que constam nos despachos 60/P/2012 e 95/P/2016.
Aplaudimos o incremento de espaços verdes, mas não à custa de abates de árvores (as palmeiras tinham cerca de 20-25 anos), recusando também uma visão utilitarista e de desperdício de recursos.


Antes

Depois 


 Vista aérea


 Detalhe 1


 Detalhe 2

 Restos de árvores lá ao fundo
 
 Operação de remoção de palmeira em curso 1 
  Operação de remoção de palmeira em curso 2


 Operação de remoção de palmeira em curso 3

 Será que estas palmeiras ainda vão ser replantadas?

 O projecto foi incapaz de contemplar a preservação das árvores. 
Em contrapartida contemplou um objecto inanimado de fácil translado.



PARA MEMÓRIA FUTURA (AINDA) RESTAM ESTES 2 EXEMPLARES: 



sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Em defesa das árvores do Jardim da Luz




Exmo. Senhor Presidente da Junta de freguesia de Carnide

Após visita ao local, somos a protestar junto dessa Junta de Freguesia
​ ​
por persistir em manter
​, desde Junho de 2016,​
 nas árvores do histórico Jardim da Luz as plataformas de arborismo, que as fotos documentam. 

Trata-se, a nosso ver, de estruturas que
​ ​
são agressivas para a boa manutenção das árvores de grande porte que são a maior riqueza do Jardim da Luz, ex-libris de Carnide
​ e património da cidade de Lisboa​
, e que põem em risco, inclusive, as  árvores classificadas de Interesse Público existentes no jardim, pelo que solicitamos esclarecimentos sobre se o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas foi consultado para o efeito.
 
Além do mais, essa presença configura uma prática encapotada de publicidade às empresas que constam dos vários placards pendurados, ou seja, de aproveitamento do
​s​
 espaço
​​
 público para publicidade a privados. 

Lamentamos que as boas-práticas a que a Junta de Freguesia de Carnide nos habituou estejam agora em risco
​. Apelamos à retirada urgente de todas as estruturas fixas às árvores e f
azemos votos para que o Jardim da Luz volte a ser o espaço
 de
​ biodiversidade,​
 lazer e 
​tranquilidade
 a que nos habituou, até há pouco tempo.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Choupos e não só. Em Lisboa e não só.


Por António Bagão Félix, in Público (16.1.2017)

Já no Inverno caíram as suas últimas e resistentes folhas, depois de uma suave passagem do verde desmaiado ao amarelo pálido. Refiro-me ao choupo (ou álamo, em versão mais espanholizada), uma das mais belas árvores outonais, só superada pela Ginkgo biloba.

Este serôdio Outono, das folhas pintadas pela natureza e do seu convite policromático para a anual revivescência, passa ao lado de muita gente. Já o notável naturalista Henry Thoreau (1817-62) dizia que “a maioria parece confundir folhas que mudam de cor com folhas secas, como se confundissem maçãs maduras com maçãs podres”.

A nomenclatura botânica de Lineu associou-a à árvore do povo (Populus, que quer dizer do povo), uma espécie de genérico da árvore comum na Antiga Roma, um verdadeiro “vulgar de Lineu”. Foi uma das árvores que simbolizaram a liberdade na Revolução Francesa e, também, na Americana. Os franceses baptizaram-na afrancesando o nome taxonómico para peuplier, mantendo assim a ligação ao povo.

O choupo é nosso vizinho em muitas cidades e vilas. Em grupo, faz parte do acervo do fado de Coimbra através de Zeca Afonso: “Do Choupal até à Lapa foi Coimbra meus amores”. Mas, nas últimas décadas, tem sido sucessivamente marginalizado e substituído por outras companheiras bem mais pródigas em flores e sedução. É mesmo uma das árvores que, agora, mais estimulam o apetite pelo arboricídio urbano.

Tem vigorosas e cabeladas raízes e, em algumas das suas espécies, faz-se acompanhar por fartos rebentos de toiça. Por isso, passou a ser uma mal-amada na calçada portuguesa face à força serpenteante e espraiada das suas raízes. Outra razão para serem pouco consideradas tem a ver com as suas flores em forma de amentilho e frutos, espalhados abundantemente pelo vento numa espécie de penugem conhecida por lã seminal que estará na origem de muitas alergias primaveris.

Mas torno à sua beleza. Sobretudo do choupo-tremedor (Populus tremula, L.), de pequenas folhas elegantes e ligeiras, glabras. Gosto de as ver agitadas pela brisa, num sereno baile afinado de movimentos ritmados, entre luminosidade e sombra, cambiando de posição em função da aragem que corre, num jogo de luzes e cores digno de um impressionista como Renoir.

E o ritidoma, sobretudo do choupo-branco (Populus alba, L.), é uma espécie de ardósia vegetal para juras de amor, ainda que se deva dizer, em abono da verdade, que a árvore, às vezes já bem vetusta, conserva no seu tronco votos de fidelidade durante mais tempo do que o tempo de união dos ajuramentados.

Além da beleza outonal (e não só), o choupo veio à baila neste meu texto, por causa da justa preocupação de pessoas e organizações (como a Plataforma em Defesa das Árvores) que denunciaram e se insurgiram contra o abate de venerandas árvores (em particular, choupo-negro, Populus nigra L.) na Avenida Fontes Pereira de Melo, Lisboa, em resultado da requalificação do chamado Eixo Central.

Agora que as referidas obras estão praticamente concluídas, e embora lamentando o abate de algum património arbóreo (árvores idosas e juvenis não são a mesma coisa), acho que os amantes das árvores, como eu, ficaram a ganhar. Mantiveram-se espécies significantes (como as tipuanas na Praça do Saldanha) e aumentou-se significativamente o número de árvores. Segundo o que foi noticiado, passará a haver quase 900 árvores em vez das até agora menos de 200, e com maior diversificação: entre outras, jacarandás, algumas espécies de Prunus, Koelreuteria, freixos, plátanos e tipuanas. Excelente!

sábado, 14 de janeiro de 2017

Abatidos pela Universidade de Lisboa


A muito publicitada "rearborização" do estádio universitário arranca em beleza com o abate de 19 choupos saudáveis.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

As árvores não são mobiliário urbano!

No entanto....
Estão hoje a ser abatidas na Alameda dos Oceanos (Lisboa - Parque das Nações) cerca de 180 azinheiras (mortas e doentes) que tinham sido plantadas há menos de 20 anos.  
As azinheiras chegam a viver 1000 anos

Foram (hoje, durante a noite) abatidas as jovens olaias das charmosas Escadinhas da Saúde ( Lisboa - Mouraria) para que no local se construam umas escadas rolantes cujo projecto contemplava a manutenção das árvores.
As olaias vivem mais de 100 anos

Vai ser transplantada, com todos os riscos que uma operação deste tipo comporta, uma bonita paineira perto do Pavilhão Carlos Lopes (Parque Eduardo VII - Lisboa). Durante esta obra de reabilitação do pavilhão têm sido danificadas muitas árvores e abatidos exemplares únicos existentes na zona envolvente cuja preservação estava prevista.

 Pinheiro Manso abatido para a construção de uma escadaria de acesso ao pavilhão.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Um antes e depois deprimente


Tipuana no Campo das Cebolas em Novembro de 2016

Tipuana no Campo das Cebolas ontem.

Porquê? Porque é que esta árvore perfeitamente saudável e com espaço para crescer ainda muito mais, foi podada desta forma desastrosa?

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Continuam a intervir no arvoredo de Lisboa sem conhecimento e de forma danosa.

Enterramento do tronco de diversas árvores no  Jardim Roque Gameiro (Cais do Sodré)

Exmo. Senhor Vereador 
Arq. Manuel Salgado

Vimos alertar V. Exa. para o facto de, no âmbito das obras que decorrem no Cais do Sodré, sob a égide do programa Uma Praça em Cada Bairro, se verificar o enterramento do colo e parte do tronco das árvores da placa central do Jardim Roque Gameiro, conforme foto que juntamos. 

Tal procedimento é, a nosso ver, totalmente desaconselhável não só porque não se coaduna com as regras e directivas da arboricultura moderna como, mais importante, poderá conduzir, como já conduziu em várias ocasiões (ex. jardim da placa central da Praça de Londres), à morte das árvores, árvores estas cuja salvaguarda assume particular importância nos pressupostos do programa referido, mais a mais sendo árvores de grande porte, que fazem parte da memória colectiva. 

"O enterramento de uma parte do tronco das árvore traduz-se na morte de uma grande parte das raízes finas que absorvem a água e os sais minerais. Segundo Urban (2008), quando se eleva a zona da cota do solo mais de 15 cm, criam-se condições desfavoráveis ao desenvolvimento de novas raízes e provoca-se a morte de raízes existentes" (in relatório recente do LPVVA

Consideramos, pois, que é essencial a revisão do projecto com vista ao desenterramento dos troncos, pelo pedimos a V. Exa. que dê indicações aos serviços para corrigirem a obra, enquanto tal ainda é possível. Lamentamos, ainda, a falta que faz a existência de um Regulamento Municipal do Arvoredo capaz de clarificar e regulamentar este tipo de intervenções.