1. PODAS
Continuam a ser agendadas pelas juntas de freguesia grandes empreitadas de poda em ruas inteiras como se a poda anual fosse uma operação de rotina; as diferentes empresas contratadas não actuam de forma concertada e o resultado para além de muitas vezes ser danoso para o arvoredo que fica mutilado, espelha a descoordenação entre as diferentes juntas. A floresta urbana devia ter uma gestão que garantisse a sua uniformidade.
Exemplos:
a) Empreitada de podas nas avenidas novas (em curso). Somos diariamente contactados por cidadãos preocupados com a descaracterização das árvores. Muitas foram podadas há menos de dois anos (por exemplo, as tílias da Sampaio e Pina).
b) O caso do choupo centenário que pertencia à quinta dos Lagares d’El Rei, uma árvore que devia ser alvo de atenção e protecção especiais, eventualmente classificada de interesse público e/ou municipal, mas nas mãos de uma junta de freguesia vai ser podada por uma empresa que não nos suscita a menor confiança - a Recolte. O absurdo que é incumbir uma empresa de recolha de resíduos de uma intervenção de poda a uma árvore notável. A poda do choupo deve ser feita por arborista especializado em árvores antigas.
Comentário de um arborista sobre o relatório: “Se o relatório apenas refere "redução de copa" sem mais descritivo técnico, é uma carta aberta à mutilação.”
c) Podas dos jacarandás nas Avenidas Novas em plena floração (Maio de 2019 e Abril de 2017)
d) Podas desastrosas nas Francesinhas (Junta de Freguesia da Estrela) em Outubro, fora da época de poda, segundo o Regulamento Municipal do Arvoredo (foi feito um pedido de ajuda à Plataforma por uma moradora).
2. ABATES
Muitas vezes sem cumprimento das normas expressas no despacho 60/P/2012. Os moradores não são notificados e chega a não existir autorização da câmara.
Olivais, Parque das nações, Universidade de Lisboa (recorrentemente), Liceu Camões, Fórum Picoas.
3. PLANTAÇÕES
Notamos que muitas vezes são eliminadas caldeiras depois de um abate ou simplesmente não é feita nova plantação. Estamos disponíveis para compilar uma lista de casos, mas a câmara teria de avançar com solução imediata para estes casos.
Preocupa-nos também a morte das árvores recém-plantadas por falta de cuidados.
Por fim, algumas considerações sobre a jardinagem subtractiva ou manutenção de espaços verdes versus jardinagem:
“Há muito que em Portugal, pelo menos nas maiores cidades, deixou de haver jardinagem em espaços públicos. Os recintos universitários não são alheios a esse mal: os (impropriamente denominados) jardins que rodeiam os edifícios são na verdade extensos relvados, com meia dúzia de árvores proibidas de crescer plantadas aqui e ali com manifesta relutância. Em vez de jardineiros, há empresas de manutenção de espaços verdes que vêm aparar a relva duas vezes por mês e, uma vez por ano, podar as árvores para as fazer regressar às dimensões que tinham um ano atrás. É uma "jardinagem" toda subtractiva: poda, arranca, limpa, apara; nunca acrescenta uma flor, um arbusto, um canteiro. Para quê pagar um serviço tão triste, tão destrutivo e tão desqualificado? Se não há jardins nem gosto em mantê-los, então o orçamento em jardinagem deveria ser próximo de zero. Para evitar que o relvado se transformasse num mato eriçado, bastaria cortá-lo quatro ou cinco vezes por ano. Além da poupança orçamental, ganhar-se-ia um jardim com flores silvestres; e as árvores, livres do ritual da poda, poderiam finalmente fazer-se adultas.” - Paulo Araújo, in Dias com Árvores