quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Protesto contra a destruição de um espaço arborizado no estádio universitário, para construção de um restaurante de fast food!




Digníssimo Senhor Reitor
Prof. António Manuel da Cruz Serra

De acordo com informação recebida por esta Plataforma, a Universidade de Lisboa (UL) terá celebrado contrato com determinada empresa com vista à construção de um restaurante da cadeia Burger King em pleno recinto do Estádio Universitário implicando o abate de cerca de 60 árvores.


Não querendo de forma nenhuma pôr em causa a legalidade do contrato, causa-nos imensa perplexidade e maior repúdio o facto de a Universidade de que Vossa Excelência é o magno responsável, permitir a amputação de um espaço verde numa zona dedicada
à
 natureza​
 e à prática do desporto
​ ao ar livre​
, como tem sido desde sempre apanágio do Estado Universitário.

Consideramos que este projecto não é de forma nenhuma defensável em pleno século XXI, não só pelo abate de arvoredo que implica como pela facilitação junto dos jovens, mais uma vez e à semelhança da abertura do restaurante McDonald’s no Campo Grande, de hábitos alimentares contra-indicados pela generalidade das boas-práticas a nível internacional.
Defendemos uma rearborizacao do espaço do Estado Universitário e
​nunca
 uma diminuição do coberto arbóreo daquele recinto, facto que tem sido prática corrente nas últimas décadas, mas que julgávamos ter terminado. Lembramos que o Estádio Universitário é já hoje um espaço pouco ensombrado, longe do espaço verde emblemático que já foi e poderia voltar a ser.

 Daí perguntarmos:
Considera a UL que as contrapartidas oferecidas pelo contraente são suficientes para compensar a pegada ecológica deixada pelo abate das árvores e pela instalação do restaurante de fast-food?

Não negando o direito da UL em encontrar novas e urgentes fontes de financiamento, perguntamos se foram estudadas outras alternativas de localização que não implicassem o abate do arvoredo?

Considera a UL negligenciável a presença desse maciço verde no recinto do Estado Universitário?

Irão as receitas assim obtidas reverter para a salvaguarda, manutenção e enriquecimento das colecções, dos três jardins botânicos de Lisboa sob tutela da UL?

Não considera a UL mais legítimo esperar-se pela entrada em vigor do Plano de Urbanização em elaboração - cuja discussão e votação foi há semanas em reunião de CML, seguindo-se a consulta pública – e só então decidir sobre a nova construção?!

Finalmente, não podemos deixar de condenar de forma veemente que a UL aja de modo dispiciendo ao viabilizar a construção de uma infraestrutura com uma área de implantação de 1.350 m2 no interior de um espaço que, para além de ser dedicado à prática desportiva, é em primeira linha um espaço verde.

 A UL deveria dar o exemplo de boas práticas nesta matéria e não o seu contrário.

Acreditamos que ainda há tempo e forma de se repensar este projecto, encontrando-se uma nova localização, que garanta a protecção do ambiente e por, maioria de razão, mais amiga da cidade e mais consentânea com os pressupostos e objectivos de uma Universidade de Lisboa.
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