Digníssimo Senhor Reitor
Prof. António Manuel da Cruz Serra
De acordo com informação recebida por esta Plataforma, a Universidade de Lisboa (UL) terá celebrado contrato com determinada empresa com vista à construção de um restaurante da cadeia Burger King em pleno recinto do Estádio Universitário implicando o abate de cerca de 60 árvores.
Não querendo de forma nenhuma pôr em causa a legalidade do contrato, causa-nos imensa perplexidade e maior repúdio o facto de a Universidade de que Vossa Excelência é o magno responsável, permitir a amputação de um espaço verde numa zona dedicada
à
natureza
e à prática do desporto
ao ar livre
, como tem sido desde sempre apanágio do Estado Universitário.
Consideramos que este projecto não é de forma nenhuma defensável em pleno século XXI, não só pelo abate de arvoredo que implica como pela facilitação junto dos jovens, mais uma vez e à semelhança da abertura do restaurante McDonald’s no Campo Grande, de hábitos alimentares contra-indicados pela generalidade das boas-práticas a nível internacional.
Defendemos uma rearborizacao do espaço do Estado Universitário e
Daí perguntarmos:
nunca
uma diminuição do coberto arbóreo daquele recinto, facto que tem sido prática corrente nas últimas décadas, mas que julgávamos ter terminado. Lembramos que o Estádio Universitário é já hoje um espaço pouco ensombrado, longe do espaço verde emblemático que já foi e poderia voltar a ser.Daí perguntarmos:
Considera a UL que as contrapartidas oferecidas pelo contraente são suficientes para compensar a pegada ecológica deixada pelo abate das árvores e pela instalação do restaurante de fast-food?Não negando o direito da UL em encontrar novas e urgentes fontes de financiamento, perguntamos se foram estudadas outras alternativas de localização que não implicassem o abate do arvoredo?Considera a UL negligenciável a presença desse maciço verde no recinto do Estado Universitário?Irão as receitas assim obtidas reverter para a salvaguarda, manutenção e enriquecimento das colecções, dos três jardins botânicos de Lisboa sob tutela da UL?Não considera a UL mais legítimo esperar-se pela entrada em vigor do Plano de Urbanização em elaboração - cuja discussão e votação foi há semanas em reunião de CML, seguindo-se a consulta pública – e só então decidir sobre a nova construção?!
Finalmente, não podemos deixar de condenar de forma veemente que a UL aja de modo dispiciendo ao viabilizar a construção de uma infraestrutura com uma área de implantação de 1.350 m2 no interior de um espaço que, para além de ser dedicado à prática desportiva, é em primeira linha um espaço verde.
A UL deveria dar o exemplo de boas práticas nesta matéria e não o seu contrário.
Acreditamos que ainda há tempo e forma de se repensar este projecto, encontrando-se uma nova localização, que garanta a protecção do ambiente e por, maioria de razão, mais amiga da cidade e mais consentânea com os pressupostos e objectivos de uma Universidade de Lisboa.
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