emdefesadasarvores@gmail.com

sábado, 31 de julho de 2021

Massacre no largo de São Domingos

Fomos surpreendidos com a violenta amputação de uma das mais bonitas e simbólicas  árvores de Lisboa  sem nenhum tipo de esclarecimento público ou justificação.  Hà poucos dias fomos alertados para o que pareciam ser alguns troncos danificados na Oliveira do Largo de São Domingos, enviámos imediatamente um pedido de esclarecimento à junta de freguesia de Santa Maria Maior, entidade responsável pelas árvores nesta zona , não tivemos nenhuma resposta mas entretanto toda a copa da árvore foi destruída. Este tipo de intervenção é ilegal em Lisboa por isso esta poda é um crime que não pode ficar impune nem deixar os lisboetas indiferentes.  

Em Maio de 2021
27 de Julho de 2021

31 de Julho de 2021

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Como proceder em caso de abate ou poda drástica II

 

A nossa amiga Ana Cristina Figueiredo, que é jurista, ambientalista e que ama as árvores, fez-nos chegar este útil documento, informando como proceder em caso de abate ou poda drástica de árvores em espaço público, incluíndo informação sobre artigos na lei que podem ser úteis nestes casos.







segunda-feira, 19 de abril de 2021

Ainda se abatem árvores monumentais?



Exma. Senhora Presidente da CMS Dra. Maria das Dores Meira,
Exma. Senhora Vereadora do Ambiente Dra. Carla Guerreiro,

A Plataforma foi contactada por alguns munícipes de Setúbal por causa de um eventual abate de uma árvore adulta de grande porte - que parece ser uma tília - na Praceta José Maria, em frente à Escola Básica de Montalvão em Setúbal (ver foto em anexo).

Tomamos a liberdade de recordar a V. Exas. que uma árvore adulta fornece oxigénio para uma família de 4 pessoas durante um ano. Para além disso, modela temperaturas, protege do calor e do vento; filtra a poluição e purifica o ar, captando CO2; e é habitat de vida selvagem, incluindo de aves, pássaros e insectos polinizadores.  

Por outro lado, a ciência também já demonstrou que estar ao pé de árvores melhora a condição física e mental, aumentando os níveis de energia e acelerando processos de recuperação. Em plena crise de saúde pública e quando estudos científicos relacionam a difusão do vírus e a poluição do ar, que favorece sua disseminação e aumenta a virulência da infecção, a preservação do maior número possível de árvores adultas é capital. Mesmo que se plantem novas árvores, estas levam cerca de 20 anos até proporcionar os mesmos benefícios de árvores adultas.


Vimos então por este meio pedir a V. Exas. que reconsiderem e não abatam este belíssimo exemplar, ainda para mais em época de nidificação e à revelia da vontade dos moradores. 






quarta-feira, 31 de março de 2021

LEI DE BASES DO CLIMA: PRONÚNCIA

A Plataforma foi convidada a pronunciar-se sobre a Lei de Bases do Clima pelo Grupo de Trabalho para o efeito da Comissão do Ambiente, Energia e Ordenamento do Território. Fundamentalmente, consideramos que a Lei de Bases deve: 

1. Contemplar as árvores adultas e o papel fundamental que têm não só no equilíbrio ecológico do planeta, mas também no combate à crise climática (e à pandemia);

2. Remeter para legislação específica, quer a existente que se encontra dispersa (e que foi citada neste documento), quer a que, por força deste processo legislativo, venha a existir e que vise a protecção e valorização das árvores, tanto no espaço rural quanto no espaço urbano. Nomeadamente, uma Lei Nacional de Protecção das Árvores, que combata o flagelo dos abates e podas desastrosas e hegemonize a gestão do património arbóreo à escala nacional através de um regulamento técnico, um manual de boas práticas a ser executado por profissionais credenciados, nomeadamente arboristas. Tal manual, como qualquer objecto científico, deve ser sujeito a permanente actualização.










quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Uma das coisas que desfavoravelmente impressionam quem visita o nosso País é a incapacidade, aparente ou real, para, com inteligência e dignidade, aproveitarmos a árvore no urbanismo





É de triste ironia constatar o que se passa neste momento em Alcobaça, cidade natal de um dos mais importantes silvicultores europeus do século XX, precisamente numa das ruas que lhe deveria prestar homenagem, a avenida Prof. Eng. Joaquim Vieira Natividade, em que um projecto de reabilitação é mais uma vez  a absurda justificação para o abate de árvores adultas e saudáveis.

O texto que aqui partilhamos é da autoria do brilhante Engenheiro Vieira Natividade e infelizmente perante as imagens que partilhamos, e que muito nos entristecem,  é hoje tão ou mais oportuno do que foi em 1959.

 A ÁRVORE E A CIDADE

Artigo de Joaquim Vieira Natividade
no jornal Diário Popular, Ano XVIII, n.º 6090, Lisboa, 1959

Uma das coisas que desfavoravelmente impressionam quem visita o nosso País é a incapacidade, aparente ou real, para, com inteligência e dignidade, aproveitarmos a árvore no urbanismo. Há quem fale, à boca pequena, de atávicos instintos arboricidas, o que é desprimoroso, antipático, quando não degradante e sinistro, porque pode levar a crer que, apesar de baptizados e de nos termos por bons cristãos, de todo nos não libertámos ainda dos vícios e das tendências ingénitas, da infiel moirama.

Para se contornarem os melindres, recorramos, não já ao neologismo «arborifobia»,porventura também cruel, mas a eufemismo suaves e eruditos, como a dendroclastia, para traduzir o desamor de muitos dos nossos municípios pela árvore ornamental.

Em boa verdade, por esse País fora, em tantas caricaturas de jardins a que se dá por vezes o nome de parques municipais, raro se nos depara uma árvore verdadeira, uma árvore autêntica, em todo o esplendor da majestosa arborescência: a árvore esbelta, digna, umbrosa e acolhedora, orgulho da Criação. Onde acaso existiu, poucas vezes escapou a brutais mutilações que a transformaram em grotesco Quasímodo, sem o mínimo respeito pela dignidade do mundo vegetal.

Nos jardins, em lugar da árvore, plantou- se um  reles ersatz, uns arbustozitos burlescos, quase bobos arbóreos, tão inúteis que nem dão sombra a uma  pessoa crescida:  as tais falsas acácias de importação,  maneirinhas, embonecadas, dengosas, com o ar, não de fazerem parte do jardim, mas de  terem ali ido, em passeio, exibir a ramagem, com a sua «permanente»manipulada no salão de qualquer coiffeur arborícola municipal.

Compreende-se, num povo de fraca cultura, o desamor instintivo ao marmeleiro e ao castanheiro, árvores estas consideradas, desde remotos tempos, estimáveis ferramentas de educação e esteio dessa vida patriarcal, austera e digna, que os velhos, ao olharem o que vai pelo Mundo, recordam com saudade e respeitoso enlevo. Já se não compreende, todavia, que se mutilem ou suprimam sem piedade o ulmeiro, o plátano, o umbroso freixo, o álamo esbelto, os nobres e austeros ciprestes, os cedros, os carvalhos  e tantos outros soberbos gigantes vegetais que, estranhos, embora, muitos deles à nossa flora, encontraram na Lusitânia como que a sua segunda pátria.

Num país castigado por uma ardente canícula, dir-se-ia que temos horror à sombra; onde se pediam  arvoredos frondosos e acolhedores, o ninho de um oásis a suavizar as inclemências do estio, fizemos terreiros imensos, cruamente ensoalheirados e inóspitos; quando tantos dos nossos monumentos lucrariam com uma nobre moldura vegetal que acarinhasse e aquecesse essa frieza da pedra ou por vezes quebrasse, com a cortina da folhagem, a  monotonia das grandes massas arquitetónicas, e num ou noutro caso escondesse até a sua real pobreza; quando a presença da árvore exaltaria o poder evocador e o poético encanto que emana de tantas ruínas, como acontece aos templos perdidos nos bosques sagrados da Grécia –  nós, pela calada, metodicamente, cinicamente, fomos degolando, mutilando, rapando tudo o que tivesse jeito de árvore para não prejudicar as «vistas», tal como faria qualquer ricaço de letras gordas aos empecilhos que ofuscassem ou escondessem os arrebiques pelintras do seu chalet.

O que haveria a dizer sobre as grandezas e as misérias da árvore nas cidades e nas vilas de Portugal!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Jardim de Belém: uma "requalificação" que prevê o abate de 16 árvores saudáveis



Exmo. Senhor Presidente da CML
Dr. Fernando Medina,

Pelo presente vimos expôr a V. Exa. o seguinte.

Mais uma vez, em Lisboa, a requalificação de um jardim, o Jardim da Praça do Império, em Belém, condena desnecessariamente árvores adultas e saudáveis, num tempo em que elas são cruciais no combate à crise climática e, até, à crise pandémica.

O projecto prevê o abate de 16 árvores adultas, entre elas Tuías e Cycas Revolutas, que o Relatório de Avaliação do Arvoredo, executado por técnicos camarários da Divisão de Planeamento, Gestão e Manutenção de Espaços Verdes, atesta como "saudáveis", "equilibradas", "bem desenvolvidas" e em "bom estado fitossanitário", aconselhando a sua transplantação (ver anexos).

Tomamos a liberdade de invocar o Art. 9, nomeadamente a sua alínea k), do Regulamento Municipal do Arvoredo. Afigura-se-nos que recuperações de jardins não são razão justificável para abater árvores que os serviços camarários consideram em bom estado. 

Queremos pedir a V. Exa. que impeça, ao abrigo do despacho 60/P/2012, este abate e que providencie a incorporação destes exemplares no projecto de recuperação.

Muito obrigada desde já pela atenção que V. Exa. se dignar prestar. 

A Plataforma

(Actualização)