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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Os três problemas fundamentais que há 5 anos não têm melhoras em Lisboa no que diz respeito às árvores


1. PODAS
Continuam a ser agendadas pelas juntas de freguesia grandes empreitadas de poda em ruas inteiras como se a poda anual fosse uma operação de rotina; as diferentes empresas contratadas não actuam de forma concertada e o resultado para além de muitas vezes ser danoso para o arvoredo que fica mutilado, espelha a descoordenação entre as diferentes juntas. A floresta urbana devia ter uma gestão que garantisse a sua uniformidade.
Exemplos: 
a) Empreitada de podas nas avenidas novas (em curso). Somos diariamente contactados por cidadãos preocupados com a descaracterização das árvores. Muitas foram podadas há menos de dois anos (por exemplo, as tílias da Sampaio e Pina). 
b) O caso do choupo centenário que pertencia à quinta dos Lagares d’El Rei, uma árvore que devia ser alvo de atenção e protecção especiais, eventualmente classificada de interesse público e/ou municipal, mas nas mãos de uma junta de freguesia vai ser podada por uma empresa que não nos suscita a menor confiança - a Recolte. O absurdo que é incumbir uma empresa de recolha de resíduos de uma intervenção de poda a uma árvore notável. A poda do choupo deve ser feita por arborista especializado em árvores antigas.
Comentário de um arborista sobre o relatório: “Se o relatório apenas refere "redução de copa" sem mais descritivo técnico, é uma carta aberta à mutilação.”
c) Podas dos jacarandás nas Avenidas Novas em plena floração (Maio de 2019 e Abril de 2017) 
d) Podas desastrosas nas Francesinhas (Junta de Freguesia da Estrela) em Outubro, fora da época de poda, segundo o Regulamento Municipal do Arvoredo (foi feito um pedido de ajuda à Plataforma por uma moradora).

2. ABATES
Muitas vezes sem cumprimento das normas expressas no despacho 60/P/2012. Os moradores não são notificados e chega a não existir autorização da câmara. 
Olivais, Parque das nações, Universidade de Lisboa (recorrentemente), Liceu Camões, Fórum Picoas.

3. PLANTAÇÕES
Notamos que muitas vezes são eliminadas  caldeiras depois de um abate ou simplesmente não é feita nova plantação. Estamos disponíveis para compilar uma lista de casos, mas a câmara teria de avançar com solução imediata para estes casos. 
Preocupa-nos também a morte das árvores recém-plantadas por falta de cuidados. 
Por fim, algumas considerações sobre a jardinagem subtractiva ou manutenção de espaços verdes versus jardinagem:
Há muito que em Portugal, pelo menos nas maiores cidades, deixou de haver jardinagem em espaços públicos. Os recintos universitários não são alheios a esse mal: os (impropriamente denominados) jardins que rodeiam os edifícios são na verdade extensos relvados, com meia dúzia de árvores proibidas de crescer plantadas aqui e ali com manifesta relutância. Em vez de jardineiros, há empresas de manutenção de espaços verdes que vêm aparar a relva duas vezes por mês e, uma vez por ano, podar as árvores para as fazer regressar às dimensões que tinham um ano atrás. É uma "jardinagem" toda subtractiva: poda, arranca, limpa, apara; nunca acrescenta uma flor, um arbusto, um canteiro. Para quê pagar um serviço tão triste, tão destrutivo e tão desqualificado? Se não há jardins nem gosto em mantê-los, então o orçamento em jardinagem deveria ser próximo de zero. Para evitar que o relvado se transformasse num mato eriçado, bastaria cortá-lo quatro ou cinco vezes por ano. Além da poupança orçamental, ganhar-se-ia um jardim com flores silvestres; e as árvores, livres do ritual da poda, poderiam finalmente fazer-se adultas.” - Paulo Araújo, in Dias com Árvores

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Abate de árvores adultas e saudáveis na Universidade de Lisboa

Recebido por mail:

"Isto foi o que aconteceu na faculdade de letras de Lisboa durante as férias de verão.
Os alunos estão indignados com a forma como a faculdade iniciou as obras no edifício , cortando todas as árvores de grande porte"







O pedido de esclarecimento enviado:

Exmo. Senhor Reitor da UL Prof. Doutor António Manuel da Cruz Serra
Exmo. Senhor Director da FLUL Professor Doutor Miguel Tamen

Fomos contactados por inúmeros alunos e professores, bem como ex-alunos, da Universidade de Lisboa relativamente ao abate em curso de árvores de grande porte, nomeadamente uma Ficus monumental, muito provavelmente com cerca de 60 anos, nos jardins da Faculdade de Letras, junto à estátua de D. Pedro V, patrono da instituição e homem de letras e ciência, que certamente desaprovaria tal acto.

Para nós, Plataforma em Defesa das Árvores - que agrega associações de defesa das árvores e cidadãos a título individual, incluindo ex-alunos da FLUL -, afigura-se-nos incompreensível que uma instituição dedicada ao ensino superior, nomeadamente na área das humanidades, que ensina, justamente, a conhecer e a ver de modo crítico, mas também sensível, o que nos rodeia, cometa tais atentados ambientais, numa altura em que a manutenção de árvores adultas nas cidades nunca foi tão importante e defendida pela ciência e quando Lisboa se prepara para, em 2020, ser a "capital verde europeia" e como tal um exemplo de boas práticas. 

Na verdade, este espaço e estas árvores, que muito provavelmente remontam a 1958, juntamente com a placa central da Cidade Universitária e o Estádio Universitário são espaços, segundo a Câmara Municipal de Lisboa, "extremamente importantes no contínuo ecológico da cidade", estando incluídos na sua Estrutura Verde.

Este não é um caso isolado em espaços sobre a alçada da Universidade e das instituições que a compõem.  Vimos por isso pedir esclarecimento sobre a intervenção neste caso em particular, nomeadamente os relatórios técnicos, obrigatórios por lei, que determinaram o abate destas árvores.

aguardamos resposta...