Fomos surpreendidos com a violenta amputação de uma das mais bonitas e simbólicas árvores de Lisboa sem nenhum tipo de esclarecimento público ou justificação. Hà poucos dias fomos alertados para o que pareciam ser alguns troncos danificados na Oliveira do Largo de São Domingos, enviámos imediatamente um pedido de esclarecimento à junta de freguesia de Santa Maria Maior, entidade responsável pelas árvores nesta zona , não tivemos nenhuma resposta mas entretanto toda a copa da árvore foi destruída. Este tipo de intervenção é ilegal em Lisboa por isso esta poda é um crime que não pode ficar impune nem deixar os lisboetas indiferentes.
sábado, 31 de julho de 2021
segunda-feira, 26 de abril de 2021
Como proceder em caso de abate ou poda drástica II
A nossa amiga Ana Cristina Figueiredo, que é jurista, ambientalista e que ama as árvores, fez-nos chegar este útil documento, informando como proceder em caso de abate ou poda drástica de árvores em espaço público, incluíndo informação sobre artigos na lei que podem ser úteis nestes casos.
segunda-feira, 19 de abril de 2021
Ainda se abatem árvores monumentais?
Vimos então por este meio pedir a V. Exas. que reconsiderem e não abatam este belíssimo exemplar, ainda para mais em época de nidificação e à revelia da vontade dos moradores.
quarta-feira, 31 de março de 2021
LEI DE BASES DO CLIMA: PRONÚNCIA
A Plataforma foi convidada a pronunciar-se sobre a Lei de Bases do Clima pelo Grupo de Trabalho para o efeito da Comissão do Ambiente, Energia e Ordenamento do Território. Fundamentalmente, consideramos que a Lei de Bases deve:
1. Contemplar as árvores adultas e o papel fundamental que têm não só no equilíbrio ecológico do planeta, mas também no combate à crise climática (e à pandemia);
2. Remeter para legislação específica, quer a existente que se encontra dispersa (e que foi citada neste documento), quer a que, por força deste processo legislativo, venha a existir e que vise a protecção e valorização das árvores, tanto no espaço rural quanto no espaço urbano. Nomeadamente, uma Lei Nacional de Protecção das Árvores, que combata o flagelo dos abates e podas desastrosas e hegemonize a gestão do património arbóreo à escala nacional através de um regulamento técnico, um manual de boas práticas a ser executado por profissionais credenciados, nomeadamente arboristas. Tal manual, como qualquer objecto científico, deve ser sujeito a permanente actualização.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
Uma das coisas que desfavoravelmente impressionam quem visita o nosso País é a incapacidade, aparente ou real, para, com inteligência e dignidade, aproveitarmos a árvore no urbanismo
É de triste ironia constatar o que se passa neste momento em Alcobaça, cidade natal de um dos mais importantes silvicultores europeus do século XX, precisamente numa das ruas que lhe deveria prestar homenagem, a avenida Prof. Eng. Joaquim Vieira Natividade, em que um projecto de reabilitação é mais uma vez a absurda justificação para o abate de árvores adultas e saudáveis.
O texto que aqui partilhamos é da autoria do brilhante Engenheiro Vieira Natividade e infelizmente perante as imagens que partilhamos, e que muito nos entristecem, é hoje tão ou mais oportuno do que foi em 1959.
A ÁRVORE E A CIDADE
Artigo de Joaquim Vieira Natividade
no jornal Diário Popular, Ano XVIII, n.º 6090, Lisboa, 1959
Uma das coisas que desfavoravelmente impressionam quem visita o nosso País é a incapacidade, aparente ou real, para, com inteligência e dignidade, aproveitarmos a árvore no urbanismo. Há quem fale, à boca pequena, de atávicos instintos arboricidas, o que é desprimoroso, antipático, quando não degradante e sinistro, porque pode levar a crer que, apesar de baptizados e de nos termos por bons cristãos, de todo nos não libertámos ainda dos vícios e das tendências ingénitas, da infiel moirama.
Para se contornarem os melindres, recorramos, não já ao neologismo «arborifobia»,porventura também cruel, mas a eufemismo suaves e eruditos, como a dendroclastia, para traduzir o desamor de muitos dos nossos municípios pela árvore ornamental.
Em boa verdade, por esse País fora, em tantas caricaturas de jardins a que se dá por vezes o nome de parques municipais, raro se nos depara uma árvore verdadeira, uma árvore autêntica, em todo o esplendor da majestosa arborescência: a árvore esbelta, digna, umbrosa e acolhedora, orgulho da Criação. Onde acaso existiu, poucas vezes escapou a brutais mutilações que a transformaram em grotesco Quasímodo, sem o mínimo respeito pela dignidade do mundo vegetal.
Nos jardins, em lugar da árvore, plantou- se um reles ersatz, uns arbustozitos burlescos, quase bobos arbóreos, tão inúteis que nem dão sombra a uma pessoa crescida: as tais falsas acácias de importação, maneirinhas, embonecadas, dengosas, com o ar, não de fazerem parte do jardim, mas de terem ali ido, em passeio, exibir a ramagem, com a sua «permanente»manipulada no salão de qualquer coiffeur arborícola municipal.
Compreende-se, num povo de fraca cultura, o desamor instintivo ao marmeleiro e ao castanheiro, árvores estas consideradas, desde remotos tempos, estimáveis ferramentas de educação e esteio dessa vida patriarcal, austera e digna, que os velhos, ao olharem o que vai pelo Mundo, recordam com saudade e respeitoso enlevo. Já se não compreende, todavia, que se mutilem ou suprimam sem piedade o ulmeiro, o plátano, o umbroso freixo, o álamo esbelto, os nobres e austeros ciprestes, os cedros, os carvalhos e tantos outros soberbos gigantes vegetais que, estranhos, embora, muitos deles à nossa flora, encontraram na Lusitânia como que a sua segunda pátria.
Num país castigado por uma ardente canícula, dir-se-ia que temos horror à sombra; onde se pediam arvoredos frondosos e acolhedores, o ninho de um oásis a suavizar as inclemências do estio, fizemos terreiros imensos, cruamente ensoalheirados e inóspitos; quando tantos dos nossos monumentos lucrariam com uma nobre moldura vegetal que acarinhasse e aquecesse essa frieza da pedra ou por vezes quebrasse, com a cortina da folhagem, a monotonia das grandes massas arquitetónicas, e num ou noutro caso escondesse até a sua real pobreza; quando a presença da árvore exaltaria o poder evocador e o poético encanto que emana de tantas ruínas, como acontece aos templos perdidos nos bosques sagrados da Grécia – nós, pela calada, metodicamente, cinicamente, fomos degolando, mutilando, rapando tudo o que tivesse jeito de árvore para não prejudicar as «vistas», tal como faria qualquer ricaço de letras gordas aos empecilhos que ofuscassem ou escondessem os arrebiques pelintras do seu chalet.
O que haveria a dizer sobre as grandezas e as misérias da árvore nas cidades e nas vilas de Portugal!