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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Menos árvores, mais torres


Em Outubro de 2015, quando o Presidente da CML discutia na AML o projecto da autarquia para o eixo central (Fontes Pereira de Melo/Av. da República ), prometendo mais árvores e menos carros, mais espaço para peões e melhor qualidade de vida na cidade. As obras da polémica torre de 17 andares em Picoas já tinham arrancado, sem estarem resolvidas várias questões que deveriam preceder o início dos trabalhos.

Meses mais tarde a legalidade da obra é posta em causa, quando o deputado municipal Ricardo Robles denuncia, "a expansão da construção do edifício além dos limites legais do lote e a posterior tentativa de camuflagem da ilegalidade por parte da Câmara Municipal de Lisboa". Em causa estava a utilização, pelo promotor da obra, do espaço de passeio público da Fontes Pereira de Melo, o tal espaço público que a autarquia prometia aos Lisboetas requalificar com mais árvores e e menos carros, e que, como consequência desse "erro de cálculo",  foi privatizado para facilitar a construção do estacionamento de um edifício cujo interesse para a cidade é até hoje discutível e que certamente inviabilizará a existência das prometidas árvores nesse troço da Av Fontes Pereira de Melo.

Nas traseiras e restantes envolventes do edifício, também a coisa não foi resolvida atempadamente nem de forma clara. Num processo confuso e bastante obscuro que implica, concessões, património classificado, estacionamento subterrâneo, reformulação de arruamentos, gestão de tráfego e até de uma nova e surpreendente obra no âmbito do programa "uma praça em cada bairro", constatamos que muito do espaço público será adaptado antes às conveniências dos donos da torre do que aos interesses e qualidade de vida dos restantes cidadãos. Só assim se explica que sem que os Lisboetas tenham sido consultados, seja agora imposto pela CML  o abate (mascarado de transplante) de dezenas de árvores adultas e saudáveis existentes no local.

Mais uma vez a CML, prepotentemente, determina o abate indiscriminado e ilegal do património arbóreo da cidade em nome de uma obra, só que desta vez a obra é privada e polémica e como tal este abate, que pode ocorrer a qualquer momento porque foi solicitada licença para prescindir dos prazos legalmente estabelecidos no despacho camarário 60/P/2012, é, para além de ilegal e incoerente,  infame!


O aviso, ainda pouco fundamentado, foi apenas publicado pela Junta de Freguesia das Av. Novas(e não pela Câmara como seria expectável),  e pode ser consultado aqui, dá conta do abate de árvores na Rua Pinheiro Chagas, e na Av. 5 de outubro, mas após consulta a peças públicas do projecto, tememos que possam ser mais extensos. Já foi enviado, pela Plataforma em Defesa das Árvores, um pedido de esclarecimento ao Vereador Manuel Salgado.

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